Tel: +55 11 5904-2881 - Whatsapp: +55 11 97572-1403

Capítulo Brasileiro da Internacional Association for the Study of Pain - IASP


Técnicas Intervencionistas para a Dor do Câncer

A dor do câncer pode resultar de neoplasias primárias ou metastáticas ou dos procedimentos invasivos ou diagnósticos. Os tratamentos contra o câncer que podem causar dor incluem cirurgia, radiação, quimioterapia, imunoterapia, e terapia hormonal. A apresentação da dor pode depender da etiologia; entretanto, é importante compreender que os pacientes com câncer não são imunes à dor que ocorre geralmente em pacientes sem câncer. A dor do câncer é tipicamente nociceptiva, visceral, ou neuropática, ou uma combinação destes. As técnicas intervencionistas objetivadas para controlar a dor podem ser adjuvantes apropriados ou alternativos ao tratamento farmacológico oral ou sistêmico. Estas técnicas podem igualmente ser mais apropriadas nos pacientes que são incapazes de tolerar efeitos secundários de medicamentações sistêmicas. Alguns exemplos de técnicas intervencionistas estão listadas abaixo.

Analgesia Intraspinal

Epidural

  • É a opção mais comum para dor espinal ou radicular causada por lesões primárias ou metastáticas;
  • Causa lesões que podem afetar discos intervertebrais, raízes de nervo, ou o tamanho do canal espinal;
  • Fornece alívio de dor altamente seletivo, ao produzir analgesia sobre uma área extensa;
  • Objetiva níveis cervicais, torácicos, lombares, ou caudais;
  • Permite injeções únicas de um esteróide, às vezes com um anestésico local (por exemplo, lidocaína ou bupivacaína);
  • Permite infusões contínuas de um opiáceo com um cateter temporário.

Intratecal

  • Fornece alívio de dor altamente seletivo de origem espinal;
  • Permite efeitos secundários mínimos associados tipicamente a dosagens mais elevadas de medicamentos orais do mesmo tipo devido à concentração e às dosagens significativamente reduzidas;
  • Podem ser testados com injeções únicas de opiáceo e bupivacaína, clonidina, ou ziconotida antes da implantação do cateter;
  • Pode envolver um cateter intraspinal permanente e uma bomba subcutânea implantada se a expectativa da sobrevivência do paciente for maior que 3 meses;
  • As opções incluem (agentes únicos ou combinações de múltiplos agentes):

Morfina

Hidromorfona

Fentanil

Sufentanil

Bupivacaína

Clonidina

Ziconotida

Baclofeno

Meperidina (petidina)

Bloqueio de Nervo

  • Objetiva sintomas regionais na distribuição de nervos periféricos únicos ou múltiplos;
  • Permite injeções únicas ou múltiplas de um esteróide, às vezes com um anestésico local;
  • Fornece benefícios a curto prazo, e potencialmente a longo prazo, mas o alívio não é permanente;
  • As opções incluem:
  • Injeção do ponto-gatilho para a dor miofascial;
  • Injeção anestésica local administrada nos gânglios simpáticos para CRPS;
  • Bloqueio do gânglio estelar para a dor de cabeça e pescoço;
  • Bloqueio da cadeia simpática lombar para a dor do câncer nociceptivo ou neuropático que afeta a extremidade inferior.

Procedimentos Neurolíticos

  • São úteis na dor neuropática ou visceral na distribuição dos nervos periféricos ou autonômicos específicos;
  • Segue tipicamente um bloqueio diagnóstico de nervo executado com anestésico local;
  • Usa a neurólise química para destruir os nervos periféricos ou autonômicos;
  • Usa o álcool ou o fenol como agentes neurolíticos;
  • As opções incluem:
  • Bloqueio com fenol hiperbárico da região das nádegas (sela) para dor perineal de linha média nos pacientes com neoplasia do reto e pelve;
  • Bloqueio do plexo celíaco para dor visceral de origem gastrintestinal, particularmente câncer pancreático;
  • Bloqueio com fenol intrapleural para dor visceral associada com o câncer esofágico;
  • Bloqueio do plexo hipogástrico superior para a extensão do tumor na pelve;
  • Bloqueio do gânglio para dor visceral do períneo.

Estimulação da Medula Espinal

  • É útil na dor neuropática crônica no contexto da síndrome de dor regional crônica, neuralgia pós-herpética, neuropatia periférica induzida pela quimioterapia, e lesão de nervo pós-radiação.

Estimulação Periférica de Nervo

  • Tem as mesmas indicações que acima, mas sua utilidade é limitada à dor neuropática que envolve nervos periféricos específicos;
  • Permite a colocação suboccipital para tratar enxaquecas;
  • Fornece uma alternativa para o bloqueio de nervo regional.

Referências

  1. Benzon HT, Raja S, Molloy RE, Liu SS, Fishman FM. Essentials of pain medicine and regional anesthesia. New York: WB Saunders-Churchill Livingstone; 2005.
  2. Christo PJ, Mazloomdoost D. Interventional pain treatments for cancer pain. Ann NY Acad Sci 2008;1138:299-328.
  3. Loeser JD, editor. Bonica’s management of pain, 3rd ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2001.
  4. Raj, PP, et. al. Raj’s practical management of pain. Philadelphia: Elsevier; 2008.

Tradução: Dr. Carlos Maurício de Castro Costa – Presidente da SBED (2009-2010)

Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home