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Capítulo Brasileiro da Internacional Association for the Study of Pain - IASP


Exame Físico de Acurácia na Cefaleia Cervicogênica

Comitê de Cefaleia

Ocasionada por afecções funcionais e/ou orgânicas sediadas na região cervical, a cefaléia do tipo cervicogênica(CCG) pode ser caracterizada por meio de sinais e sintomas clínicos, tais como: episódios de dor em peso, aperto, queimação, às vezes latejante ou paroxismos de pontada na região occipital e irradiada na região temporal, frontal, ocular ou retro auricular. Pode ser acompanhada ou não de fenômenos neurovegetativos craniofaciais como lacrimejamento, eritema ocular, edema palpebral, rinorréia, vertigem, além de náusea, vomito, fotofobia e irritabilidade.

CCG surge principalmente de disfunção musculoesquelética nos três segmentos cervicais superiores. O caminho pelo qual uma dor que se origina no pescoço pode ser sentida na cabeça é o núcleo trigeminocervical que desce na medula ao nível de C3/4 e está em continuidade anatômica e funcional com as colunas cinza dorsais destes segmentos espinhais. Consequentemente, a entrada de aferentes sensoriais principalmente de qualquer das três raízes nervosas cervicais superiores podem erroneamente serem processado com sensação dolorosa na cabeça, um conceito conhecido como convergência.

Estima-se que em 5% a 10% dos casos, a cefaleia cervicogênica é confundida com a enxaqueca comum. Portanto, para que haja um correto diagnóstico, devem ser utilizados critérios já predefinidos na literatura, tais como: dor usualmente unilateral, episódica e de intensidade variável; a origem situa-se na parte posterior do pescoço, podendo irradiar para toda a cabeça; há resistência ou limitação à movimentação passiva do pescoço; alterações tônicas na musculatura da região cervical.

O diagnóstico está essencialmente baseado nos sintomas apresentados, junto com os achados do exame físico clínico. Para o diagnóstico diferencial, são avaliadas características específicas. A utilização de testes manuais, para verificação de amplitude de movimento diminuída do pescoço é um dos critérios diagnósticos principais para a CCG.

Na mais recente revisão sistemática sobre avaliação física em cefaléia cervicogênica, os testes que exibiram a mais alta confiabilidade foram: movimento intervertebral acessório passivo póstero-anterior (PAIVMs de C0-C3) e o teste de flexão e rotação cervical (TFRC para C1-C2). Considerando que todos os testes exibiram boa utilidade e precisão do diagnóstico, o melhor e mais preciso para o diagnostico foram associados com o TRFC com sensibilidade de 90% e especificidade de 88%. A presença de disfunção articular cervical alta medida através de exame manual apresenta evidências fortes para a confirmação do quadro de CCG, enquanto medidas de postura, amplitude de movimento, cinestesia cervical e função muscular craniocervical não apresentam evidências significativas para diagnóstico.  

A disfunção muscular também foi identificada como uma característica importante da CCG. Foi sugerido que esta disfunção possa também incluir a perda de alinhamento postural e controle neuromuscular como também fraqueza dos músculos, encurtamento e rigidez. Incapacidades na força muscular e resistência dos flexores cervicais profundos parecem ser um das características definíveis da CCG.

O teste de flexão craniocervical (TFCC) mede a ação indireta dos flexores cervicais profundos, e foi mostrado ter boa confiabilidade. Uma das características fundamentais que clinicamente identificam a disfunção dos flexores cervicais profundos é o aumento da atividade dos flexores superficiais durante o teste como uma tentativa de ganhar amplitude de movimento.

O uso dos critérios da Sociedade Internacional De Cefaleia- IHS (2004, 2013) pode nos ajudar a formular as nossas primeiras hipóteses. Já no exame físico devemos utilizar um teste com boa confiabilidade, alta sensibilidade e uma baixa taxa de probabilidade negativa, como o teste PAIVMs C0-C3. Com a confirmação do achado, a utilização de um teste confiável com alta especificidade e alta razão de probabilidade positiva, como o TFRC (padrão ouro) deve ser realizada.

Usando os testes apropriados na ordem apropriada, podemos traçar um diagnóstico confiável de CCG sem métodos invasivos.

Referencias:

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