Tel: +55 11 5904-2881 - Whatsapp: +55 11 97572-1403

Capítulo Brasileiro da Internacional Association for the Study of Pain - IASP


Avaliação Multidimensional da Endometriose

Comitê de Dor Urogenital

A endometriose é uma doença crônica, inflamatória, estrogênio dependente, ocorre durante o menacme e caracteriza-se pela pre­sença do tecido endometrial, glândula e/ou estroma, fora da cavidade uterina.Ocorre mais frequentemente na cavidade pélvica e acomete peritônio, ovário, bexiga e/ou intestinos1,2. Suas princi­pais manifestações clínicas são: dismenorreia, dor pélvica crônica, infertilidade, dispareunia e alterações intestinais e urinárias.

A prevalência da endometriose no menacmevaria entre 5 a 10% 3,4. Dados recentes, entre 2009 à 2013, no Brasil, revelam que o custo da doença é de 10,4 milhões de reais por ano.

O mecanismo fisiopatológico da endometrioseé pouco conhecido,o quadro clínico  o que dificulta o seu diagnóstico1,4. Na endometriose pélvica o diagnóstico definitivo é cirúrgico, habitu­almente com a videolaparoscopia e o exame histológico das lesões suspeitas. Os tratamentos clínicos hormonais, com contraceptivos orais combinados ou derivados de progesterona são frequente­mente utilizados, assim como, a videolaparoscopia5.

A endometriose associa-se dentre outros fatores a incapacidades física e emocional decorrente da dor crônica, da infertilidade, da modificação das atividades da vida diária, do isolamento social, do impacto econômico e da interferência nas relações afetivas, familiares e profissionais3,6. Devido a complexidade e aos aspectos multifatoriais da doença, nem sempre as pacientes submetidas a intervenções medicamentosas e cirúrgicas apresentam remissão satisfatória dos sintomas. A cronificação da dor, contribui para o estresse, ansiedade, depressão e redução da qualidade de vida 6-7. Tais fatores, isolados ou associados, necessitam de tratamento para a melhora do quadro doloroso da endometriose.

Recentemente, a relação entre os fatores biopsicossociais e a qualidade de vida são contemplados no tratamento multidisciplinar das pacientes através de equipe formada por ginecologista, médico especialista em dor, fisioterapeuta e psicólogo. Quando necessário, profissionais como psiquiatras e acupunturistas devem integrar a equipe.

No controle da endometriose deve-se contemplar o alivio da dor, a redução da incapacidade física e o sofrimento psíquico. Desta forma, a participação do fisioterapeuta e do psicólogo são essenciais. Os procedimentos da fisioterapia e a realização das atividades físicas são importantes aliados na redução da incapacidade funcional e física, além de contribuir para a analgesia8,9.

A atuação do psicólogo contribui não apenasna redução da ansiedade, estresse e depressão, como na avaliação das crenças disfuncionais referentes á incapacidade física e infertilidade e auxiliaa paciente para desenvolver atitudes ativas e estratégias de enfrentamento mais efetivas. No controle da endometriose a participação da paciente é fundamental para se engajar nas mudanças necessárias7,8,9.

Certamente os tratamentos mais efetivos para a endometriose pressupõem avaliação e tratamento interdisciplinar.

Referências
1. Abrão MS, Gonçalves MO, Dias JA Jr, Podgaec S, Chamie LP, Blasbalg R. Comparison between clinical examination, transvaginalsonography and magnetic resonance imaging for the diagnosis of deep endometriosis. Hum Reprod. 2007;22(12):3092-7.
2. Revised American Society for Reproductive Medicine classification of endometriosis: 1996. FertilSteril. 1997;67(5):817-21.
3. Marques A, Bahamondes L, Aldrighi JM, Petta CA. Quality of life in Brazilian women with endometriosis assessed through a medical outcome questionnaire. J Reprod Med. 2004;49(2):115-20.
4. Missmer SA, Cramer DW. The epidemiology of endometriosis.ObstetGynecolClin North Am. 2003;30(1):1-19, vii.
5. Fauconnier A, Chapron C. Endometriosis and pelvic pain: epidemiological evidence of the relationship and implications. Hum Reprod Update. 2005;11(6):595-606.
6. Mengarda CV, Passos EP, Picon P, Costa AF, Picon PD. Validação de versão para o português de questionário sobre qualidade de vida para mulher com endometriose (Endometriosis Health Profile Questionnaire – EHP-30). Rev Bras Ginecol Obstet. 2008;30(8):384-92.
7.Minson FP, Abrão MS, SARDÁ JÚNIOR, JJ, Kraychete DC, Podgaec S, Assis
8. Jones G, Jenkinson C, Taylor N, Mills A, Kennedy S. Measuring quality of life in women with endometriosis: tests of data quality, score reliability, response rate and scaling assumptions of the Endometriosis Health Profile Questionnaire. Hum Reprod. 2006;21(10):2686-93.
9. Gao X, Yeh YC, Outley J, Simon J, Botteman M, Spalding J. Health-related quality of life burden of women with endometriosis: a literature review. Curr Med Res Opin. 2006;22(9):1787-97.


Voltar Topo Enviar a um amigo Imprimir Home