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Capítulo Brasileiro da Internacional Association for the Study of Pain - IASP


Cefaleia cervicogênica

A cefaleia cervicogênica é muito mais comum do que parece. Muitas pessoas apresentam o problema, mas não sabem que se trata de uma cefaleia específica, com sintomas e tratamentos próprios. Por isso, esses pacientes acabam sofrendo com a doença mais tempo do que é necessário.



O que é a cefaleia cervicogênica

A cefaleia cervicogênica, assim como indica o próprio nome, é uma dor de cabeça que surge por conta de uma alteração cervical. A alteração pode ocorrer por vários motivos. Geralmente, a causa é alguma doença cervical, como a osteoartrose cervical, pinçamento de raízes cervicais, hérnia de disco e estenose de canal cervical. Além disso, outros fatores como problemas posturais, torcicolos e contraturas podem ocasionar a dor cervical e consequentemente a cefaleia cervicogênica. 

Mas não são apenas problemas físicos que começam o processo que leva a cefaleia cervicogênica. Emoções também podem predispor a crises álgicas. Estresse, ansiedade, preocupações, tensão, são muito comuns entre as pessoas atualmente e também são considerados os grandes vilões da cefaleia cervicogênica. Isso ocorre porque quando essas emoções se apresentam, acontece uma excessiva contratura da musculatura na região do pescoço, ombros, músculos trapézio e músculos pericranianos – como o occiptal, masseter e temporal. 

No paciente com cefaleia cervicogênica, a dor pode se apresentar apenas de um lado, mas ocorre de surgir dos dois lados em alguns casos. Trata-se de uma cefaleia unilateral, mas que pode responder muito bem ao bloqueio anestésico cervical.

Como são os sintomas e o diagnóstico da cefaleia cervicogênica
Pessoas do sexo feminino e com história de trauma craniano ou cervical costumam ser mais atacadas pela cefaleia cervicogênica. 

Geralmente, além da própria dor descrita pelo paciente, também há uma dificuldade de movimentação do pescoço e má sustentação da cabeça. 

O paciente também costuma sentir uma pressão externa da região cervical posterior e superior ipsilateral ou da região occipital. Além disso, pode apresentar dores na mão, no pescoço, no braço e no ombro, sem saber exatamente de onde ela vem ou qual ponto surge. 

A dor pode ser bastante desconfortável. Geralmente essa dor não é do tipo pulsátil, o que aumentaria sua intensidade e desconforto. Ela começa geralmente no pescoço e vai se estendendo para as áreas oculofrontotemporal. Nesse ponto ela atinge sua intensidade máxima. A dor pode ficar assim por algumas horas ou ir e vir, como uma dor contínua flutuante. 

Alguns pacientes que sofrem de cefaleia cervicogênica também podem apresentar outros sintomas físicos, em paralelo aos que já foram citados. 

A náusea e as vertigens são bastante comuns. Além disso, muitas pessoas também sofrem com fotofobia e fonofobia. 

Ter dificuldades na hora de deglutir, apresentar alguma alteração visual ipsilateral ou edema e hiperemia na área periocular ipsilateral também podem ocorrer, dependendo de como a cefaleia cervicogênica se apresenta, do histórico de saúde do paciente e também das suas atividades no cotidiano. 

Como aliviar a dor temporariamente no caso da cefaleia cervicogênica
Quem apresenta quadros de cefaleia cervicogênica sabe que a dor pode ser bastante desconfortável, chegando em alguns casos a interferir drasticamente nas atividades cotidianas, modificando o dia-a-dia e até causando prejuízos pessoais e financeiros. A dor pode se apresentar em tal intensidade que a pessoa se sente incapaz de trabalhar ou fazer qualquer atividade que faça parte de sua rotina. 

Por isso é importante procurar logo um médico que diagnostique o problema sugerindo a melhor forma de aliviar a dor, de como descobrir as causas, qual será o melhor tratamento e as mudanças necessários para que o problema não volte. Uma avaliação com um especialista é importante para afastar outras causas comuns de cefaleias, como a enxaqueca, dores orofaciais e a cefaleia tensional.

No entanto, existem medidas paliativas para você aliviar a dor. A principal delas é prestar atenção no que parece aumentar a dor. Pode ser uma posição específica que você costuma fazer, a forma como se senta no trabalho ou enquanto dirige ou algumas emoções que podem afetar ainda mais a região. 

Você também deve analisar o que alivia sua dor, o que pode variar bastante de pessoa para pessoa. Quem apresenta fotofobia como um dos sintomas da cefaleia cervicogênica pode experimentar se manter em um local escuro e silencioso quando sentir o desconforto. Isso pode ajudar bastante a resolver o problema enquanto o analgésico não faz efeito, por exemplo. 

Outro fator que vale a pena ser observado é se algum tipo de comida costuma exacerbar a dor ou aliviá-la, para evitar ou usar como ajuda no alivio. Alimentos com temperos muito fortes, como pimentas, ou que são muito pesados, como um prato de feijoada, podem aumentar a sensação de dor e agravar o problema. Em dias de crises doloridas, o melhor é optar por uma alimentação leve, com saladas e frutas, para não piorar a cefaleia cervicogênica.

Vale lembrar algo importante: não espere a dor aumentar para tomar um analgésico. Quanto mais a dor perdura, mais os músculos vão se estressando, o que os torna mais rebeldes para cessar com a dor – isso significa que mais tempo levará para o remédio fazer efeito e talvez seja necessária uma quantidade superior. De qualquer maneira, só tome medicamentos prescritos por seu médico, sempre na hora certa e com a dosagem sugerida. 

Como é o tratamento da cefaleia cervicogênica
O tratamento da cefaleia cervicogênica é o próximo passo depois que é feito o diagnóstico. Ele está dividido em vários tipos de medidas, pois é necessário assegurar o alívio da dor, mudanças físicas para que o problema desapareça e tratamentos medicamentosos para que a doença não retorne. 

O médico vai aconselhar que o paciente tome alguns medicamentos para que a dor que ele sente seja aliviada. É importante tomar os remédios exatamente como o recomendado, sem pular horários, aumentar ou diminuir dosagens. Geralmente pode ser prescrito mais de um tipo de analgésico, assim como anti-inflamatórios e relaxantes musculares para se conseguir o efeito desejado. A medicação também dependerá do estado de saúde do paciente, outros problemas que ele apresenta e seu histórico familiar, além das atividades cotidianas. 

Em um segundo momento, quando a dor já estiver mais aliviada, poderá ser necessário corrigir a postura do paciente, principalmente se esta estiver alterada pelas crises álgicas. Para isso, recomendam-se tratamentos como a fisioterapia, pilates e/ou RPG, que ajudam a reorganizar a postura e a musculatura. Algumas técnicas são usadas com bastante eficácia no caso da cefaleia cervicogênica, como a termoterapia, laser, digitopressão, ultrassom terapêutico ou outros meios físicos.

O importante nessa etapa do tratamento é conseguir que a musculatura da região cervical do paciente, que envolve pescoço, nuca e ombros, consiga voltar a relaxar. 

Para isso, atualmente, a acupuntura pode ser uma importante aliada no relaxamento muscular cervical e no controle de fatores predisponentes, como a ansiedade, insônia e estresse. A acupuntura vem sendo usada cada vez mais de forma paralela aos tratamentos tradicionais, trazendo grandes benefícios e potencializando os resultados. 

Relaxamentos manuais, como o shiatsu também podem ser usados paralelamente.

Em alguns casos, dependendo da situação e histórico do paciente, e em falha de tratamentos anteriores,o bloqueio de nervos periféricos pode ser realizado para tratar a cefaleia cervicogênica. Geralmente isso é realizado por um especialista que usa um anestésico local com xilocaína ou outro anestésico. Ela pode estar combinada ou não com algum tipo de corticoide – alguns médicos chegam a usar a toxina botulínica (conhecida tradicionalmente como Botox), com bastante sucesso. O objetivo é bloquear o nervo occipital menor, maior, raízes de C2 e algumas ouras raízes. Esse tipo de tratamento tem apresentado um bom resultado clínico. 

No mercado atual existem vários medicamentos que podem ajudar no tratamento da cefaleia cervicogênica. Relaxantes musculares como a tizanidina e a ciclobenzaprina são bastante usados, trazendo bons resultados para o alívio da dor e auxílio no tratamento. Para ajudar nessa última etapa, especialistas de dor costumam utilizar também alguns antidepressivos, como a venlafaxina, a duloxetina, a nortriptilina e a amitriptilina. Outros também associam neuromoduladores para ajudar no tratamento, como pregabalina, gabapentina, topiramato, entre outros. 

Quando o paciente de cefaleia cervicogênica faz uso de medicamento é muito importante seguir à risca as recomendações médicas de doses e horários para que o tratamento realmente seja eficaz. Confusões nesse sentido, como esquecer doses, horários ou tomar quantidades diferentes das recomendadas podem fazer o problema retornar de forma mais agravada que antes. 


Fontes e Referências

Dr. Marcus Yu Bin Pai
Clínica Dr. Hong Jin Pai e Associados
www.hong.com.br

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