Tendinopatia patelar
Tendinopatia patelar
A tendinite patelar, também conhecida como “Joelho do Saltador”, é um tipo de lesão que, geralmente, afeta os atletas envolvidos em esportes de salto e de arremesso, como o vôlei, basquete ou o futebol, que exigem movimentos mais bruscos.
Introdução
A tendinite patelar, conhecida na língua inglesa como Jumpers Knee (joelho do saltador) é uma condição que, apesar de aparentemente inofensiva, pode levar à grande incapacitação à prática esportiva.
O joelho é uma articulação de dobradiça entre o fêmur e a tíbia e uma articulação plana quando entre o fêmur e a patela. A patela é um osso triangular e convexo, sendo o maior osso sesamoide do corpo humano, ou seja, é um osso inserido nos tendões. Dessa forma, a patela é inserida no ligamento patelar e no tendão inferior do quadríceps femoral.
O ligamento patelar ou tendão patelar é responsável pela mecânica de extensão do joelho, possuindo largura de três centímetros, espessura de três milímetros e comprimento entre quatro e cinco centímetros. A espessura pode variar de acordo com o sexo, sendo mais fino nas mulheres.
É bastante comum a ocorrência de lesões no ligamento patelar, por isso esta estrutura é importante ao presente artigo, pois ele se objetiva a discorrer sobre a tendinopatia patelar, explicando quais são as causas, os sintomas e as formas de tratamento desta patologia.
O que é a tendinopatia patelar?
Trata-se de uma patologia que incide sobre o tendão patelar, hoje chamado de ligamento patelar. Consiste, portanto, em qualquer afecção no referido tendão, incluindo lesões, inflamação, rompimento, devido à sobrecarga no tendão, que altera a matriz extracelular – material que fornece mineralização e nutrientes aos ossos –, e com isso, leva a um quadro crônico de microlesões.
A tendinopatia patelar é uma patologia relativamente comum, com a estimativa de mais de 150 mil casos por ano no Brasil, sendo que as idades mais afetadas são entre 18 e 40 anos de idade.
Ela é muito comum entre atletas cuja modalidade exige muitos saltos, como basquete, salto à distância, vôlei, por isso é conhecida populamente como “joelho de saltador” do inglês “jumper’s knee”.
Causas da tendinopatia patelar
Os fatores causais da tendinopatia patelar são diversos, podendo eles serem intrínsecos ou extrínsecos, ou seja, fatores relacionados com o paciente e fatores externos ao paciente, respectivamente.
Fatores intrínsecos
A idade, o sexo e a altura não são considerados fatores causais, porém são considerados fatores epidemiológicos, isto é, percebe-se prevalência em certos grupos, mas não devido à causa e sim à consequência.
Para entender melhor, pode-se perceber que as idades mais afetadas são os adultos jovens, os quais possuem uma vida mais ativa e praticam mais esportes, de forma que requisitam mais o ligamento patelar; em relação ao sexo, as mulheres podem ser mais suscetíveis devido à espessura do ligamento, no entanto, elas também são mais flexíveis; a altura, por sua vez pode estar relacionada também com os esportes, isto é os atletas de basquete, vôlei e saltos geralmente são altos.
Dessa forma, os fatores intrínsecos realmente causais são o excesso de peso, anatomia inadequada, como o tamanho avantajado da tíbia, que pode alterar a biomecânica e afetar o ligamento patelar; a patela mal alinhada, patela alta, falta de flexibilidade do quadríceps e frouxidão do ligamento patelar também são fatores que podem causar a tendinopatia patelar.
Fatores extrínsecos
Relacionam-se com o ambiente, estímulos externos e atividades, incluem os esportes que esforçam muito a articulação do joelho como um todo e sobrecarregam o ligamento patelar, além dos esportes citados anteriormente, também são percebidos casos no futebol, tênis e esqui, os atletas cujos treinos são mais duradouros e por mais de três vezes por semana são mais predispostos a desenvolver a patologia; incluem atividade física realizada de forma errada ou com sobrecarga.
Incluídos nos fatores extrínsecos estão, ainda, as condições ambientais, a superfície do solo, o uso de calçados prejudiciais e impactos diretos no joelho, como quedas, pancadas e acidentes.
Sintomas
A dor no joelho é o principal sintoma da tendinopatia patelar, sendo que a dor inicia gradualmente, no início é leve e aparece somente em seguida da atividade, por isso é comum que o paciente continue realizando a atividade ou os movimentos que ocasionam a dor, e assim, tende a piorar se houver continuidade no esforço ou no uso excessivo.
A dor pode piorar durante o período noturno, atrapalhando o sono; ao subir e descer escadas ou ao manter o joelho flexionado por tempo prolongado.
Quando a região é palpada, a dor é imediata e bem localizada, esta palpação é, inclusive, um modo de testar e identificar o grau da dor, ou seja, leve, moderada ou intensa. Outras formas de diagnósticos são fundamentais para investigar apropriadamente o quadro clínico e para que o tratamento seja adaptado.
Diagnóstico
Como foi citado anteriormente, um dos testes para identificação da dor é a palpação, no entanto, são necessários outros exames, os quais estão detalhados logo a seguir:
-Squat test: trata-se de um teste clínico funcional, que consiste na inclinação da perna em agachamento sobre uma plataforma inclinada a 30 graus, de forma que o ligamento patelar sofra maior carga exercida, contribuindo com o diagnóstico de tendinopatia patelar, já que a estrutura afetada no teste é o tendão em questão;
-Ultrassonografia: este exame de imagem é importante para a visualização de possíveis alterações no ligamento patelar, irregularidades em torno do tendão e calcificações, é um exame prático e rápido, porém a eficácia do exame depende do examinador.
-Ressonância magnética: este exame, por sua vez, oferece maior resolução que proporciona uma visualização mais detalhada de cada estrutura, inclusive do ligamento patelar, podendo diagnosticar a tendinopatia patelar com mais precisão, uma vez que neste exame, pode-se visualizar o aumento do tendão. No entanto, este exame é recomendado apenas nos casos mais difíceis de diagnóstico ou casos cirúrgicos, pois seu custo é maior e não detecta calcificações.
Tratamento
O objetivo principal do tratamento é a remissão da dor e a recuperação do movimento e da função normal da articulação.
Por isso, o tratamento da tendinopatia patelar inclui o repouso, medicamentos, a remissão dos fatores desencadeantes, acupuntura, terapia por ondas de choque, fisioterapia, atividade física e alguns casos, a cirurgia.
O repouso é relativo, não significa que o paciente deverá ficar totalmente imóvel, mas que deverá evitar atividades físicas e movimentos que esforçam, como subir e descer escadas, até que a inflamação seja resolvida. Durante este período de repouso, é recomendado realizar compressas de gelo.
Os medicamentos utilizados no tratamento conservador são os de sempre, ou seja, os anti-inflamatórios e os analgésicos, mas vale destacar que os anti-inflamatórios a serem administrados devem ser, preferencialmente, os não-hormonais.
Acupuntura
A acupuntura pode ser uma opção terapêutica no tratamento das dores e incapacidade da dor resultante da tendinopatia.
A acupuntura age por meio da liberação de neurotransmissores endógenos do corpo, tendo efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e relaxante muscular, sendo uma opção para pacientes que não desejam o uso de medicamentos de uso contínuo, ou que possuam contra-indicações para o mesmo.
A remissão dos fatores consiste na correção da biomecânica, buscando adequar os movimentos com os exercícios do esporte ou das tarefas diárias. A fisioterapia inclui a remissão dos fatores, pois auxilia na reeducação da biomecânica, ou seja, ajuda o paciente a recuperar o movimento correto, as técnicas fisioterápicas contribuem, ainda, com o alívio da dor, com o alongamento dos músculos, proporcionando maior flexibilidade ao quadríceps, auxiliando com o fortalecimento das estruturas, de forma que evite novas complicações.
Esta terapêutica faz parte, então, do tratamento conservador e do pós-cirúrgico, quando for o caso, isto é, os casos em que a intervenção cirúrgica é necessária incluem os pacientes que não apresentam respostas ao tratamento conservador dentro de seis meses ou quando o diagnóstico indica alguma estrutura cuja anatomia deve ser corrigida.
A cirurgia de tendinopatia patelar consiste na retirada das degenerações do ligamento patelar, no alinhamento da patela. Dessa forma, os procedimentos podem ser a excisão da região acometida ou a perfuração do pólo envolvido. A excisão refere-se ao procedimento de retirada de uma parte lesionada e a perfuração objetiva o aumento da vascularização da região, podendo ser realizada através de artroscopia.
A atividade física é fundamental no tratamento, porém em casos cirúrgicos, deve ser evitada até que o médico autorize. Nos demais casos, deve ser realizada com acompanhamento profissional e jamais deixar de informar o professor a respeito da condição de tendinopatia patelar.
O benefício da atividade física é o fortalecimento e o alongamento dos músculos adjacentes ao ligamento patelar, com isso, são evitadas novas lesões ou remissão dos sintomas, com os músculos fortalecidos, não haverá sobrecarga no tendão. Além disso, os exercícios físicos contribuem com o aumento da vascularização do tendão.
Conclusão
Vimos que a tendinopatia patelar é uma patologia comum, principalmente entre atletas e por isso, tem seu diagnóstico muitas vezes negligenciado em outros grupos acometidos, como idosos, trabalhadores, como as funcionárias domésticas, etc.
É importante que haja mais medidas preventivas através de atividade física, exercícios de alongamento e adequação dos movimentos realizados, para isso, cada indivíduo, sendo atleta ou não, deve se preocupar com a própria saúde como um todo.
Realizar atividade física, portanto, não é importante apenas para resistência cardiovascular ou esteticamente, é essencial também na conservação das articulações e seus ligamentos.
Enfim, recomenda-se além da prevenção, a procura de ajuda médica para que o diagnóstico seja realizado rapidamente e o tratamento possa ser iniciado o quanto antes.
Dr. Hong Jin Pai - Acupunturista e membro da SBED
www.hong.com.br
Fontes e Referências
Dr. Hong Jin Pai - Acupunturista e membro da SBED
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