A Dor Articular no Brasil no Ano Olímpico
O Ano Mundial Contra a Dor nas Articulações foi lançado oficialmente no Brasil em um período peculiar para o nosso país – o Ano Olímpico.
Sabemos que a maior causa de dor articular são as artrites, onde a osteoartrite é a forma mais comum de artrite, mais frequente entre os idosos do que qualquer outra doença. Qual seria a relação entre o Ano Mundial contra a dor Articular e o Ano Olímpico?
Este ano tive a oportunidade de participar como médico de Atletas nas Olimpíadas do Rio, atuando no atendimento de atletas e delegações de mais de 200 países na Policlínica da Vila Olímpica (Figura 1), além de postos médicos do Maracanãzinho (Figura 2) e outras áreas de competição.
Figura 1 – Policlínica da Vila Olímpica – espaço de 3.500 metros Figura 2 – Field of Play (FOP) Maracanãzinho
quadrados de área para atender, sobretudo, os atletas.
Minha experiência em competições internacionais começou nos Jogos Panamericanos de Guadalajara 2011 no México (Figura 3). A partir de Guadalajara, coloquei uma meta em minha vida – participar de maneira mais ativa nos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
Figura 3 – Velódromo no Panamericano de Guadalajara 2011
Figura 3 – Velódromo no Panamericano de Guadalajara 2011
Considero a experiência que vivi no Rio de Janeiro um divisor de “águas” na minha vida pessoal e profissional. Acompanhar cenas como a do armênio Andranik Karapetyan, de 20 anos (Figura 4), que tentava levantar 195 kg na prova de levantamento de peso na categoria de 77 kg, na segunda tentativa, o esforço exagerado levou o atleta a quebrar o braço esquerdo.
Figura 4 - Andranik Karapetyan
Figura 4 - Andranik Karapetyan
Jade Barbosa que chorou ao sofrer uma entorse de tornozelo na apresentação do solo individual feminino. Deixou o local da prova de cadeira de rodas e postou nas redes sociais a imagem da sua dor (Figura 5).
Figura 5 – Jade Barbosa
Figura 5 – Jade Barbosa
As Olímpia das também apresentaram ao mundo as marcas arroxeadas nos atletas olímpicos, entre eles o nadador Michael Phelps, resultado de um tratamento deventos a terapia que, por meio da sucção, consegue aliviar sintomas de dores e relaxar a musculatura (Figura 6).
Figura 6 – Michael Phelps
Em alguns casos, no tratamento das dores articulares em atletas, não conseguimos comprovar com exames a causa da dor relatada. Muitas vezes, esta queixa se confunde e são camufladas pela cobrança diária da sociedade e estas dores referidas fazem parte do imaginário do atleta. A dor é sempre subjetiva, principalmente no esporte de alto rendimento e cada indivíduo aprende a lidar com ela através de suas experiências prévias (IASP).
Dessa maneira, convivendo com tantos atletas de várias nacionalidades e dos mais diferentes ambientes culturais, percebe-se nitidamente, que a dor traz consigo experiências das estruturas sociais onde está inserido o atleta.
Além de reforçar o conhecimento medico sobre a dor, o Ano Olímpico foi uma oportunidade única de aproximar e apresentar ao publico brasileiro cenas marcantes que somente os Jogos Olímpicos podem proporcionar. Imagens em alta resolução de lesões articular e sendo transmitidas ao vivo para todo mundo. Cenas como estas, fazem deste Ano Olímpico em nosso país um ano singular e uma oportunidade para sensibilizar a sociedade, orientá-la para busca por diagnóstico e tratamento precoce da dor articular. Além de sensibilizar os médicos e demais profissionais de saúde quanto a critérios diagnósticos e novos avanços neste promissor campo de estudo.
Figura 6 – Michael Phelps
Para que estes atletas de alto rendimento alcancem seus objetivos mais altos, o limiar entre a performance e a lesão fica muito tênue e um dos eventos responsáveis como limitante do desempenho é a dor. Definida segundo a Associação Internacional para os Estudos da Dor (IASP) como: uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada a dano real ou potencial dos tecidos ou descrita em termos de tal lesão. A dor passa a fazer parte da vida diária destes atletas, e por incrível que pareça, alguns chegam a sentir falta desta sensação após sua aposentadoria.
Nem sempre a dor do atleta se trata de trauma. Conheço atletas que nunca quebraram um dedo. A dor maior vem da repetição, do over use.
Em alguns casos, no tratamento das dores articulares em atletas, não conseguimos comprovar com exames a causa da dor relatada. Muitas vezes, esta queixa se confunde e são camufladas pela cobrança diária da sociedade e estas dores referidas fazem parte do imaginário do atleta. A dor é sempre subjetiva, principalmente no esporte de alto rendimento e cada indivíduo aprende a lidar com ela através de suas experiências prévias (IASP).
Dessa maneira, convivendo com tantos atletas de várias nacionalidades e dos mais diferentes ambientes culturais, percebe-se nitidamente, que a dor traz consigo experiências das estruturas sociais onde está inserido o atleta.
De uma maneira geral, o atleta de alto rendimento “suporta” melhor o desconforto da dor por afirmar valores culturais como força, perseverança e disciplina. Portanto, temos a necessidade de redobrar o cuidado no trato da queixa dolorosa do atleta devido as suas peculiaridades.
Além de reforçar o conhecimento medico sobre a dor, o Ano Olímpico foi uma oportunidade única de aproximar e apresentar ao publico brasileiro cenas marcantes que somente os Jogos Olímpicos podem proporcionar. Imagens em alta resolução de lesões articular e sendo transmitidas ao vivo para todo mundo. Cenas como estas, fazem deste Ano Olímpico em nosso país um ano singular e uma oportunidade para sensibilizar a sociedade, orientá-la para busca por diagnóstico e tratamento precoce da dor articular. Além de sensibilizar os médicos e demais profissionais de saúde quanto a critérios diagnósticos e novos avanços neste promissor campo de estudo.
Portanto, respondendo a pergunta inicial, podemos dizer que “O Ano Olímpico no Brasil celebra o Ano Mundial Contra a Dor Articular”.
Fontes e Referências
Dr. Alexandre de Paiva Luciano
Ortopedista Especialista em Medicina Esportiva;
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT);
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva (SBME);
Mestre em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC / Santo André –SP;
Professor Efetivo da Discip. De Ortopedia da Faculdade de Medicina de Taubaté– SP;
Coordenador da Residência Médica em Ortopedia da Universidade de Taubaté – SP.